Apresentador da Globo se surpreende com os diários de viagem do Dom Pedro II: “É uma relíquia!”
- Luiz Ottoni

- 9 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: 15 de out.
As 38 cadernetas de viagem mostram o segundo imperador do Brasil por Jerusalém, Estados Unidos, Egito e vários outros países.
A curiosidade de um intelectual era característica marcante do segundo imperador do Brasil. Talvez ele possa ter puxado isso da mãe, uma austríaca interessada nas pesquisas científicas de seu tempos. Mas isso é só especulação, ainda mais dado o fato que os dois conviveram tão pouco.
Dom Pedro II tinha interesse no que intelectuais escreviam, no que cientistas descobriam e no que inventores criavam. Para matar essa curiosidade ele lia e também viajava. Para a sorte dos historiadores, Pedro II também mantinha o hábito de escrever.
Dessa escrita, surgiram os seus diários e as suas cadernetas de viagem. Em total de 38, elas são guardadas e protegidas no Museu Imperial que fica na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro. Elas não foram descobertas agora, já existiam na reserva técnica do Museu, que é a parte do acervo não exposta ao público.
A grande novidade do momento é que agora, após a finalização dos reparos técnicos, elas passarão a ser expostas ao público, será a oportunidade única de ver esses raros documentos.
Um jornalista da Globo teve o prazer de ver as peças pessoalmente e se empolgou muito com a raridade do material. Veja o momento:
Os reparos técnicos vão terminar em novembro e, em dezembro, os documentos passam a estar expostos.
Muita gente tem perguntado se eles estão disponíveis online. Para escrever esse material, fiz essa busca e eles estão incluídos no mesmo documento com o diário de Pedro II, lá mostra o imperador comentando as suas viagens. Clique aqui para acessar.
Essa informação também foi confirmada pelo pesquisador Paulo Rezzutti, que disse que 90% do material das cadernetas estão nesses diários digitalizados, apenas desenhos feitos pelo imperador ficaram de foram.
Nele há várias partes muito interessantes, uma delas é quando o Dom Pedro II testa o telefone nos Estados Unidos:
“25 de junho de 1876 — Às 6 ½ parti para a exposição onde dei por terminada a visita à exposição americana no Main-Building. Fui à missa em catedral católica, que é a mais bela igreja que tenho visto nos Estados Unidos – com colunas e bela arquitetura – todas de pedra – e depois de almoçar no Transcontinental fui a experiências dirigidas por Sir W. Tompson no main-building.
O telefone não deu perfeito resultado, mas assim mesmo duas pessoas leram – uma quase nada – dois telegramas que mandei ao mesmo tempo – Verity one single. All the sciences conduct to varity – aplicando o ouvido a um dos tubos acústicos.
Em todo o caso ficou demonstrado o belo princípio achado por Konig e que o professor Baker explicou assim como sua aplicação ao telefone, bem como sua praticabilidade.
Depois examinei com Sir W. Tompson o aparelho 015 elétrico automático e quadrupler, creio eu e finalmente a aplicação que Bell, o mesmo do Instituto dos Surdos-mudos de Boston, fez do princípio de Konig à transmissão dos sons pelo fio elétrico.
Seu aparelho é mais simples que o outro porém não é como este aplicável à telegrafia. Não é parecer somente meu; mas que Sir W. Tompson achou exato.”
As cadernetas de viagem de Dom Pedro II são consideradas patrimônio da humanidade pela UNESCO. Estou realmente ansioso para fazer um visita a elas em Petrópolis e espero que os leitores apaixonados por História também estejam.




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